a minha história...
Desde cedo desenvolvi o gosto pelo mundo das artes. Sempre me foi incutido um grande contacto com pintura, música, trabalhos manuais, desenho, escrita, poesia, existindo também contacto com a fotografia. A máquina analógica era um objeto presente na família em que cresci, e desde que me lembro também a utilizava.
Cresci rodeada por fotografia e, para mim, as memórias sempre se refletiram em dezenas de álbuns pela casa e momentos em família em que nos sentávamos a partilhar o passado e as histórias vividas, em que as fotografias eram nossas aliadas como se fossem ilustrações de um livro. Rapidamente me apercebi que a fotografia surgia como um elemento de partilha, de convívio; que unia as pessoas e dava voz às suas histórias.
Usei a minha primeira máquina analógica ainda em criança, herdada ou talvez roubada à minha mãe. Seguiu-se a máquina descartável subaquática, tão desejada para as férias de verão. Mais tarde, já adolescente, a primeira máquina digital compacta. Fotografei os amigos, os passeios, os finais de tarde. E também fui fotografada.
O tempo passou, mas manteve-se o gosto por imortalizar os momentos para um dia os recordar.
Mais tarde vim a descobrir o gosto em particular pelos retratos e pelo pormenor. Por capturar a magia das pessoas e das coisas que me rodeiam. Por reparar em pequenos detalhes, que me vim a aperceber que aos olhos do mundo passavam despercebidos. Surgia também a curiosidade pelo desconhecido e tudo o que há para explorar, e a vontade de criar fotografias que levassem o observador a questionar-se sobre elas; sobre o contexto em que foram tiradas, sobre o sítio, sobre o momento e o que estaria a acontecer. A vontade de criar e contar histórias.
Tudo isto me alimenta diariamente. Tudo isto é um motivo para continuar. E também porque cada vez mais, as pessoas se fecham na sua bolha. Mas afinal, a felicidade está em partilhar. Em mostrar aos outros a nossa visão, e conhecer a deles. Em crescer, ajudar a crescer e deixar que nos ajudem a crescer. Em despertar sentidos nos que nos rodeiam, fazê-los pensar, fazê-los tirar os pés do chão por instantes, divagar e abraçar novas realidades. Já basta o peso o mundo em cima de nós.
E afinal, também gosto de acreditar que a nossa história é demasiado única para ser deixada passar em branco.